Categoria: Técnico
(*) Rubens Rosado
Imagine um ambiente onde tudo se conecta. Seu smartfone ou seu note com os eletrodomésticos e a iluminação de sua casa, seu carro, seu condomínio, com os serviços do seu bairro, da sua cidade, do aeroporto e o que mais você imaginar. Se falássemos disso há 10 anos, certamente estaríamos falando de algo improvável, difícil de acontecer em apenas uma década.
Se disséssemos ainda que parte desta comunicação poderia ser feita por uma simples lâmpada ou luminária, certamente seria motivo de riso. O futuro chegou muito mais rápido do que todos pensavam. A IOT, ou Internet of Things, já é realidade em algumas partes do mundo e os benefícios no dia a dia das pessoas e para o planeta são inimagináveis.
A IOT permite que o controle das coisas seja feito de forma remota, através de uma infraestrutura de redes interligadas, criando oportunidades para uma integração mais direta do mundo físico com sistemas baseados em programas de computador. Quando são incorporados sensores e atuadores, a tecnologia se torna um sistema Cyber-físico, englobando tecnologias como redes inteligentes, usinas virtuais, Smart Homes, inteligência de transportes e de cidades, resultando em melhor eficiência, precisão e benefício econômico, uma vez que diminui a intervenção humana em quase todas as etapas.
A palavra “coisas” não foi incorporada por acaso, pois ela significa, antes de tudo, abrangência. Ela pode referir-se a uma grande variedade de dispositivos, tais como implantes de monitoramento cardíaco, transponders de biochip em animais de fazenda, câmeras de segurança, veículos autônomos, colheitadeiras, sensores de controle ambiental, sensores para controle de epidemias, entre tantas outras “coisas” que estão surgindo.
O crescimento da Internet das coisas vem impulsionando a tecnologia para um novo nível e as lâmpadas e luminárias aparecem não mais como coadjuvantes, mas assumindo um papel de extrema importância neste contexto. Podemos combinar a iluminação a Led com sensoriamento e transmissão de dados dentro de uma indústria. Em outras palavras, equipamentos que se comunicam com as lâmpadas, que se comunicam com um computador. Trazendo uma gama incrível de oportunidades para a indústria LED se conectar com as tecnologias futuras.
“Smart Lighting” tornou-se, sem dúvida, o foco da indústria de iluminação LED nas próximas décadas. Imagine uma luminária que acende ao toque do seu celular, que “adivinha” a hora que você chega em sua residência, que pisca para te alertar sobre um evento, que te guia dentro do supermercado para o local onde está o produto desejado, que monitora o movimento de pessoas dentro do estabelecimento e emite relatórios sobre os hábitos desses clientes na loja, que possa se conectar à rede elétrica e ser controlada por qualquer lugar do globo onde tenha conectividade. Sim, tudo isso é possível na iluminação inteligente.
E mais: imagine que as luminárias e lâmpadas possam substituir os roteadores, transmitindo dados por meio da luz, de forma muito mais rápida.
Sim, isso tudo é possível hoje. Algumas soluções inclusive já se apresentam ao mercado. O termo smart lighting, que na tradução literal significa “luz esperta”, deveria agora se chamar inteligent lighting, ou seja “luz inteligente”, dado o avanço que a tecnologia teve nesses últimos anos. Com ela, sua luminária ou lâmpada não só realiza comandos do usuário por meio do smartphone, mas os dispositivos são capazes de aprender sobre os seus hábitos e reagir de forma proativa.
De acordo com “LEDinside”, o tamanho global do mercado de iluminação inteligente estava perto de US$ 4,6 bilhões em 2017, com uma taxa de crescimento anual de 95%. A previsão é que o mercado continue crescendo nos próximos anos e atinja US$ 13,4 bilhões até 2020.
Deu pra imaginar o que nos espera?
O rápido crescimento da população nas áreas urbanas, o encarecimento do custo da energia e as mudanças climáticas têm impulsionado a necessidade mundial de gerenciamento da demanda de energia, que obrigatoriamente tem a ver com a otimização de energia das edificações, indústrias e iluminação pública.
Vários estudos têm apontado que cerca de 70% da população mundial vai viver em ambientes urbanos em menos de três ou quatro décadas, elevando a necessidade de consumo de energia. Alguns governos já vêm adotando soluções energéticas, incluindo iluminação inteligente, para melhorar a resiliência e sustentabilidade do meio ambiente.
Assim como nossas imaginações, os desafios são grandes. Cidades inteligentes dependem de visão governamental que acredite que já estamos vivendo uma grande revolução digital, uma revolução globalizada. É preciso que as autoridades “ouçam” as indústrias, adotem políticas de incentivos justos aos produtos inteligentes, estendam os conceitos e as necessidades de se ter transmissão de dados de alta velocidade através da luz, seja dentro de uma residência, seja em logradouros públicos, por exemplo. Caso contrário, correrão o risco de um grande retrocesso em suas economias e na qualidade de vida de seus cidadãos.
Rubens Rosado é formado em Engenharia Elétrica e especializado em Iluminação. Atualmente é assessor técnico da Associação Brasileira de Fabricantes e/ou Importadores de Produtos de Iluminação (Abilumi) e atua nas áreas de consultoria empresarial e perícia técnica judicial.
ABR/18