Categoria: Técnico
O presidente do Inmetro, Carlos Augusto de Azevedo, concedeu entrevista à Assessoria de Imprensa da Abilumi sobre os desafios do órgão na busca pela qualidade, as expectativas em relação à mudança para agência reguladora e, especialmente no segmento de iluminação, a atualização frente às novas tecnologias, como o LED.
Leia a entrevista completa.
Abilumi News − O Inmetro é um órgão voltado à qualidade. Como o Sr. avalia as dificuldades dos empresários brasileiros em entenderem a importância de praticar a qualidade no seu dia a dia?
Carlos Augusto de Azevedo − Vamos recordar um pouco de onde a história começa. A Alemanha no final do século XIX é obrigada a escrever em seus produtos a expressão made in Germany ao importá-los para outros países, sobretudo a Grã-Bretanha. Os produtos eram considerados ruins e era preciso identificá-los. O Siemens (Werner Von Siemens, industrial) fica chateado e resolve criar um instituto para garantir a qualidade industrial (o PTB – Physikalisch Technische Bundesanstalt, fundado em 1887, por Siemens e Hermann Von Helmholtz, físico), o que passa pela metrologia. Em 20 anos, o que era uma pecha virou uma chancela de qualidade e credibilidade, em virtude do desenvolvimento da indústria alemã.
Então, muitas vezes, na sociedade, as pessoas não entendem que a qualidade começa com a metrologia. O que ocorre é que essa dificuldade não é somente dos empresários, mas de toda a sociedade. Até as escolas de engenharia não falam em normalização, e deveriam ter essa ligação da qualidade com a metrologia. Isso é fundamental e em geral as pessoas não entendem, o governo e os empresários. A medida em que entra na sua atividade, vai entendendo que para ter qualidade do produto, tem de ter metrologia envolvida.
– O consumidor percebe o papel do Inmetro? Como esta confiança fica evidente?
R. Há uma associação de ideias, em virtude também do que a imprensa mostra, sempre destacando que o Inmetro faz testes e ensaios de produtos para avaliar a qualidade. Esse é um dos motivos pelos quais o órgão virou uma referência prática na vida das pessoas.
– Que setores industriais o Sr. citaria como os que apresentam mais dificuldade em adaptação de seus produtos a padrões de qualidade? A que podemos atribuir isto?
R. Há setores em que não dá para aceitar problemas em produtos. No eletroeletrônico, ele não vai ligar nem funcionar, o mecânico vai provocar acidentes. Na construção civil, dependendo da inconformidade, será menos complicada, mas não vai funcionar. O que ocorre é que com o tijolo fora da medida, a construção não vai ficar boa, mas isso não necessariamente derruba o prédio. Já os produtos mecânicos e eletrônicos fora do padrão trazem riscos. Os setores vão buscando a metrologia à medida que ela é mais ou menos decisiva no seu funcionamento. As pessoas percebem os problemas, podem não ter conhecimento técnico, mas percebem e acabam evitando determinados produtos.
– Especialmente no setor de iluminação, o Inmetro atua, por meio das certificações, para manter o nível de qualidade dos produtos. Como manter as normas e certificações atualizadas frente à evolução tecnológica de produtos como lâmpadas LED?
R. O Inmetro tem uma área técnica e de pesquisa, então está sempre atento. Na época em que o LED apareceu, por exemplo, nós já fazíamos pesquisa na área. Já vínhamos trabalhando e nos preparando. A atualização e o estudo são constantes em relação a novas tecnologias. Já sabíamos que isso estava apontando há muito tempo e fomos nos preparando para quando ela começasse a ser industrializada, visto que não existia antes. O Inmetro está sempre pesquisando para se atualizar sobre o que está por vir.
– A falta de fiscalização é um problema que aflige, entre muitos outros, o segmento de iluminação, e acaba estimulando as práticas ilícitas. O que é necessário para fazer valer a certificação e inibir irregularidades?
R. Temos de ter mais fiscalização e também uma inteligência maior nesse tipo de trabalho. A expectativa ao nos tornarmos uma agência reguladora é ampliar essas ações.
– O que podemos esperar do Inmetro nos próximos anos?
R. Vamos continuar trabalhando para manter a qualidade dos nossos serviços, expandindo o espectro de combate a fraudes, de defesa do consumidor e do mercado.
– Sobre metrologia, como o Sr. avalia a posição do Brasil no cenário mundial? Qual o papel do Inmetro nessa posição?
R. Estamos entre os 10 maiores institutos de metrologia do mundo e assim queremos permanecer.
OUT/18